Frase da Balzaquiana:


"Crer significa libertar em si mesmo o indestrutível.
Ou melhor: significa libertar-se.
Ou melhor: significa ser indestrutível.
Ou melhor ainda: significa ser."
Kafka

quinta-feira, 16 de julho de 2015

A moda no trabalho: Parece, mas não é...

Cristiane Laura de Souza - advogada, servidora pública,
amante da moda, curiosa da alma humana.
 
"Nunca consigo fazer você entender a
importância das mangas, a sugestividade
das unhas dos polegares ou as grandes questões
que podem sair de um cadarço"
Sherlock Holmes para Watson
in Um caso de identidade

Parece bobagem, mas não é! Apresentar-se adequadamente no ambiente de trabalho faz muita diferença.

David Givens, no livro “A linguagem corporal no trabalho”, diz que "no trabalho, o vestuário pode criar ou destruir a sua persona. Persona é o papel que o seu exterior desempenha no trabalho, em oposição ao que você revela sobre o seu eu interior após o expediente".

O famoso estilista brasileiro Alexandre Hercovitch também deu o seu palpite, afirmando que "Roupa é um assunto que pode ter suas funções simplificadas: pode tanto servir para atender às convenções sociais quanto para cobrir partes do corpo ou proteger de variações climáticas, como chuva, frio, calor... Mas o que nos interessa aqui é desvendar a outra face da moeda. A roupa como comunicação, como meio de marcar posição, reforçar costumes e valores..." (in Cartas a um jovem estilista).

Mas não é só da vestimenta a que estamos nos referindo, falamos de moda e o seu conceito, como muito bem registra João Braga "...é modo, é maneira, é comportamento..." (in Reflexões sobre moda).

É impressionante a quantidade de demandas referentes ao comportamento social e às vestimentas de funcionários e as dificuldades que possuem chefes e funcionários dos recursos humanos em abordar o tema.

Por isso dediquei algum tempo de estudos e essas breves linhas para tratar o tema.

Em minhas pesquisas, encontrei blogs de moda que davam dicas sobre a forma de se vestir adequadamente para o trabalho e, de forma impressionante, todos eles diziam que o que deve prevalecer é a inteligência, não seu corpo. Discordo. Sou adepta ao equilíbrio.

Aprendi com uma psicoterapeuta comportamental que o belo chama a atenção, assim como os contrastes. Portanto, não é preciso anular-se fisicamente no ambiente de trabalho para que seu viés intelectual seja reconhecido.

O equilíbrio entre um profissional dedicado, estudioso, pesquisador, inovador e que cuida de sua aparência é a porta de entrada para uma carreira de sucesso.

Você é o cartão de visitas de sua organização. De que adiantaria estar com um trabalho maravilhoso, mas apresentar-se diante dos chefes e dos clientes para a apresentação do seu produto com os cabelos oleosos, malcheiroso, roupas amarrotadas, esmaltes descascados. O descrédito em relação à sua pessoa, ou persona, estaria estabelecido. Até mesmo a qualidade do seu trabalho será questionada.

Da mesma forma, apresentar-se impecavelmente arrumada, mas com um trabalho lastimável não trará resultados à organização e por consequência à sua carreira.

E, por fim, nosso gargalo: a utilização de peças que ultrapassam a sensualidade, no ambiente de trabalho. Pessoas que se vestem dessa forma causam grandes transtornos, inclusive tendo que passar pelo constrangimento de ser convidada a apresentar-se com vestimentas mais adequadas na organização.

Helena Frith Powel, no livro “A elegância e os segredos da mulher francesa, dois batons e um amante”, revela-nos que "... sensualidade, como qualquer mulher francesa lhe dirá, não é revelar tudo...".  Já Helena Perim Costa foi mais enfática na segunda edição de seu Guia de elegância de uma reles mortal e alertou: "...fique muito atenta a esses modelos conceituais, exagerados e extravagantes, porque você acha que está muito sexy, mas na verdade está mesmo é patética. Como diz meu amigo italiano chiquérrimo: a ostentação é irmã da vulgaridade...".

Então, nada como o velho equilíbrio. Não é necessário vestir uma burca, mas o equilíbrio entre as peças, a combinação de cores e os acessórios é, sem dúvida, muito importante.

Você não precisa abrir mão da sua personalidade no que tange ao modo de vestir, mas deve adequar-se ao estilo da organização e não perder de vista o bom gosto e o bom senso. Então, deixe para externar a sua criatividade de outra forma, não precisa usar num mesmo dia a calça pantalona verde com aquela camisa laranja que você ama, a sandália rasteira azul e aquele mega colar de sementes que ganhou de uma amiga hippie.

Itens como a sandália rasteira, o mega colar de sementes e peças curtas (minissaias e shorts), transparências, decotes e fendas profundas devem ser deixados para compor o look dos finais de semana. Para as mulheres que não podem ou não gostam de saltos altos, as sapatilhas não deixam nada a desejar no quesito elegância.

Ter e manter um estilo é muito importante, vem com o amadurecimento da personalidade de cada um de nós. O conforto não deve ser deixado de lado, especialmente quando tratamos de trajes para o dia a dia no trabalho. O segredo é entender a persona de sua organização e adicionar mais esse quesito no momento de escolher a roupa com a qual irá se apresentar para mais um dia de trabalho.

Mas não é só isso, os mais famosos estilistas da alta costura no mundo como Dior e Chanel já preconizavam que a elegância não está ligada somente à forma como você se veste, mas como você se comporta.

Hoje está muito em voga discussões acerca da ética que deriva de uma boa educação. Assim, além de vestir-se adequadamente ao seu trabalho é imprescindível tratar a todos com cortesia e respeito.

Chamar as pessoas pelo nome, usar as palavras mágicas: "bom dia", "boa tarde", "boa noite", "desculpe", "com licença", "por favor" e "obrigada" é um requisito da elegância. E, se você quiser partir para a extrema elegância, eis um segredo: trate a todos com igualdade.

Quer ser chique? Pratique a cortesia. Quer ser elegante? Trate as pessoas com respeito.

A elegância não está relacionada somente com a forma como a pessoa se veste, mas como ela se porta diante da sociedade em que vive.

O traje nos faz adequados ao ambiente, mas o nosso caráter é o que nos define elegantes.

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